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Jejum intermitente pode causar diabetes tipo 2, diz estudo

Adicionada em 22 de maio de 2018

Assim como toda a ciência, a nutrição está em constante mutação. É o que está acontecendo sobre o assunto da vez: o jejum intermitente. A dieta, que promete rápida perda de peso, entrou definitivamente na moda: o termo”como fazer jejum intermitente” foi o segundo mais buscado no Google em 2017.

Segundo novo estudo da USP, apresentado na reunião anual da Sociedade Europeia de Endocrinologia, em Barcelona, na Espanha, o jejum intermitente pode prejudicar as funções do pâncreas e causar diabetes tipo 2, entre outros problemas. 

Liderado por Ana Cláudia Munhoz Bonassa, pesquisadora da Universidade de São Paulo, o trabalho aponta que, além de prejudicar a atividade normal do pâncreas e a produção de insulina, esse tipo de dieta estaria relacionado ao aumento da produção de radicais livres e do estresse oxidativo do organismo, acelerando o processo de envelhecimento celular.

O assunto é polêmico e ainda não se pode comprovar os benefícios ou os malefícios deste tipo de dieta para nosso organismo a longo prazo. Faz relativamente pouco tempo que o jejum intermitente passou a ser estudado e muitas das pesquisas são feitas em ratos – raros são os estudos realizados com humanos.

O estudo

Para entender como o organismo funciona em jejum intermitente, os pesquisadores testaram ratos adultos saudáveis, por um período de três meses, comendo dia sim, dia não. Eles monitoraram os níveis e a função de insulina das cobaias, além do peso corporal e os níveis de radicais livres.

No final da dieta, todos tinham perdido peso, porém, a distribuição de gordura corporal mudou: a quantidade de gordura no abdômen dos roedores aumentou. E o aumento da gordura abdominal tem sido relacionado ao diabetes tipo 2.

Os cientistas também encontraram danos nas células pancreáticas secretoras de insulina, bem como níveis mais elevados de radicais livres e sinais de resistência à insulina.

“Perder peso, perde. Mas a longo prazo pode haver sérios efeitos à saúde. Mas, esse é o primeiro estudo a mostrar que o jejum intermitente pode realmente danificar o pâncreas e afetar a função da insulina em indivíduos saudáveis normais, outros serão necessários para comprovar essa relação”, disse a pesquisadora brasileira.

O próximo passo é estudar melhor os efeitos prejudiciais do jejum intermitente no funcionamento normal do pâncreas e do hormônio insulina.

Jejum intermitente: outros estudos

Em algumas culturas, o jejum intermitente tem fins religiosos e espirituais. Algumas linhas de pesquisa afirmam que ele é saudável e pode até diminuir o risco de doenças cardíacas. 

Em palestra para o TEDx, Mark Mattson, professor de neurociências da Johns Hopkins University afirmou que o jejum intermitente pode reforçar o poder do cérebro. Um estudo sobre a dieta chegou até a render o prêmio Nobel de Medicina ao japonês Yoshimori Oshumi.

Já uma revisão científica de 2017, contemplando 16 estudos sobre o tema, aponta que a dieta contribui para a perda de peso e pode ser um aliado importante na luta contra as doenças causadas pela obesidade, além de trazer outros benefícios.

Mas, do outro lado, muitas linhas de pesquisa apontam para problemas no metabolismo e para a saúde em geral de quem adota o jejum intermitente.

Antes de escolher adotar a dieta, ou não, é essencial entender o funcionamento do seu corpo e ter o acompanhamento de um especialista da área, para que ele possa direcionar, orientar e avaliar os resultados; tanto para a perda de peso, como na manutenção da saúde.