Dieta Paleo: traz benefícios para os corredores?

Adicionada em 06 de agosto de 2014

Você já ouviu falar na Dieta Paleolítica, que se baseia no consumo de alimentos que eram ingeridos na época do homem das cavernas, cerca de 2,5 milhões de anos atrás? Ela se baseia na ideia do uso da gordura como fonte de energia. Segundo estudiosos do programa, promete ajudar na perda de peso, no ganho de energia, e (até!) a evitar gripes e resfriados. Mas, por outro lado, a dieta paleo faz com que você tenha que desistir de massas, biscoitos e farinha de trigo, a perdição de muitas pessoas.

Mesmo com a eliminação de carboidratos simples, no entanto, diversos atletas estão apostando na dieta. Mas será que ela é uma boa pedida para corredores? A dieta paleo se baseia em alimentos como carnes, peixes, ovos, frutas, legumes, folhas e oleaginosas. Em contrapartida exclui alimentos industrializados, açúcar, cereais, leguminosas, grãos, leites e derivados.

 

 

O lado bom dos alimentos permitidos é que toda carne fornece aminoácidos que aceleram a recuperação muscular pós-treino, o que melhora o desempenho durante a corrida. Além disso, o hábito de consumir frutas e legumes propicia a maior ingestão de vitaminas e minerais, que auxiliam o funcionamento do organismo, além de fornecer fibras importantes para a melhora da função intestinal.

Porém, por eliminar grãos e leguminosas (duas importantes fontes de carboidratos para os corredores), assim como laticínios, sal e óleos vegetais, alguns prejuízos são percebidos, como uma possível deficiência de cálcio, ocasionando problemas como dores musculares, unhas fracas e osteoporose.

Escolha a carne certa

Não basta investir na Dieta Paleo. Você precisa prestar atenção ao tipo de carne que escolhe para mandar para dentro. Um estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard descobriu que quanto mais pessoas comem carne vermelha, maior é taxa de mortalidade. Por isso, invista em peixes e frangos, apostando na carne vermelha o mínimo que você puder.

Outros estudos ainda sinalizam que o consumo de dietas hiperproteicas pode aumentar a sobrecarga renal. Outros trabalhos que mostram o efeito prejudicial desse tipo de dieta, a longo prazo, sobre o metabolismo energético e o sistema cardiovascular. Por isso, prefira as carnes magras.

E os carboidratos?

Embora a Dieta Paleo apresente benefícios para a saúde, ela é muito questionada por especialistas da nutrição. Mas profissionais dos dois lados do debate concordam que o programa estimula um consumo muito baixo de carboidratos para corridas longas (a partir de meia-maratona). Os carboidratos aprovados pela Paleo (como frutas e alguns vegetais de raiz) satisfazem apenas o consumo de carboidrato antes da corrida. Para o pós-treino, eles têm baixo índice glicêmico, atrapalhando a reposição de energia.

Essa mudança na ingestão de certos nutrientes leva a uma série de alterações metabólicas, favorecendo a perda de peso, mas também a diminuição de massa muscular. Para que ocorra eficiência no uso da gordura como fonte de energia (argumento básico dos defensores da Dieta Paleo) é necessário ingerir quantidades adequadas de carboidrato. Com a sua falta, o organismo usa os aminoácidos presentes no músculo para manter a utilização da gordura como fonte de energia. E isso faz com que haja a perda de massa muscular.

Por isso, se você resolver apostar na dieta quando for correr percursos mais longos, o melhor é ingerir carboidratos não-Paleo, como bebidas esportivas, macarrão e batatas. E tente evitar se desviar da dieta, em outros momentos, se quiser ficar o mais próximo possível da lógica alimentar dos homens das cavernas.

(Fonte: Fabio Medici Lorenzeti, mestrando no Laboratório de Nutrição e Metabolismo EEFE-UP, professor de Educação Física e Técnico em Nutrição e Dietética)

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