Soberanas da corrida: o que as mulheres têm a ensinar aos homens

Marcos Caetano
Adicionada em 23 de março de 2018
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A corrida, felizmente, há muitas décadas é um esporte livre de gênero, idade, raça ou orientação sexual. É possível encontrar corredores de todos os perfis — e há alguns anos ninguém imaginaria que alguém com o biótipo de Usain Bolt pudesse dominar as provas de tiro curto. Isso só demonstrou que barreiras existem apenas para serem superadas. Nesse cenário, as mulheres na corrida se desenvolveram de maneira extraordinária, seja entre os atletas profissionais, seja entre os amadores.

Acredito que as mulheres têm algumas características que possibilitam mais sucesso e prazer do que os homens no mundo da corrida. Não é preciso ser doutor em antropologia e comportamento humano para saber que, na média, as mulheres são muito mais disciplinadas e perseverantes do que os homens. O que eu vejo de homem sabotando treinamento não é brincadeira. Com as mulheres, isso é bem mais raro. A perseverança é uma das virtudes que nos fazem amá-las imensamente.

 

 

Outro ponto é a questão da dor. Dezenas de estudos mostram que o sexo feminino lida de forma muito mais estoica com a dor. Não há corredor com uma planilha decente que não sinta desde fisgadas musculares até calos, bolhas, canelites, torções, fraturas por estresse e contraturas. Por serem mais resistentes à dor, as mulheres na corrida conseguem manter o foco e a disciplina, enquanto os homens parecem mais sujeitos a se encostar no estaleiro por qualquer bobagem.

Para encerrar, há uma característica feminina que ajuda muito a melhorar seu desempenho como atletas amadoras. Trata-se do nível de competitividade mais controlado. Homens adoram competir por qualquer coisa. Do preço do carro a quem sai mais tarde do trabalho, de um simples carteado a quem faz o melhor churrasco. As mulheres se preocupam menos com disputas bestas. São competitivas também, e muito, mas não de um jeito exagerado, quase irracional, quanto alguns homens. Isso faz com que elas se preocupem mais com a planilha do que com a colega ao lado. E os seus resultados, claro, aparecem de forma mais consistente. Porque competir com a gente mesmo e melhorar a cada dia é o que realmente conta, não apenas nas pistas como também na vida.

Daqui do meu cantinho, faço minha reverência às mulheres. O mundo das corridas não teria a menor graça sem elas por perto.

Marcos Caetano

Marcos Caetano

Sócio da empresa de comunicação estratégica Brunswick Group e cronista esportivo.

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