Você já se viu correndo?

Marcel Sera
Adicionada em 25 de agosto de 2017
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Você já tentou se ver correndo? Até parece algo simples e sem importância, mas saber se enxergar direito pode te trazer muitas informações sobre melhorias que podem ser feitas para potencializar sua eficiência na corrida.

Um método bem simples é passar em frente a algum objeto que reflita sua imagem, como vitrines e espelhos. Mas concordo que dependendo do tamanho dele e de sua velocidade, não dá para ver muita coisa. Então pense em uma esteira em frente a um espelho. Já melhora. Mas o ideal mesmo, seria pedir para alguém te filmar (pode ser com celular mesmo) em vários ângulos e depois assistir o vídeo em câmera lenta, dando pausas.

De início, podemos ver se inclinamos para frente ou para trás, se caímos mais para um lado em relação ao outro, se um braço sobe ou vai mais para o lado que o outro, se oscilamos muito na vertical (saltitando), se as passadas são curtas ou se fazemos careta (risos).

Porém, indo mais a fundo, conseguimos enxergar rotações do tronco, inclinações na bacia, assimetrias entre membros inferiores e superiores, movimentos laterais da cabeça, tipo de pisada, rotações de joelho e quadril para dentro ou para fora, enfim, uma quantidade imensa de detalhes que nos mostram o que pode ser melhorado.

 

 

A grosso modo, a corrida deveria ser uma atividade em que o lado esquerdo do corpo faz exatamente o mesmo movimento do lado direito, porém, em momentos alternados. Ou seja, simetria é fundamental. Portanto, ao se ver correndo, tudo o que não está simétrico pode indicar alguma queda na eficiência, como por exemplo um braço indo mais para trás que o outro.

Além da simetria, o alinhamento entre as articulações também deve ser priorizado, não apenas pensando em eficiência, mas também em prevenção de lesões. Por isso, ao se ver correndo é importante reparar se os ossos estão alinhados. Ou seja, tornozelo com perna; perna com coxa; coxa com quadril; quadril com a pelve; pelve com a coluna; coluna com ombro; ombro com braço; braço com antebraço; antebraço com punho; e punho com mão, além de outras tantas articulações.

Geralmente as causas de assimetrias e desalinhamentos posturais são duas: desequilíbrio muscular, onde existem músculos proporcionalmente mais fortes que outros, gerando compensações diversas; e alterações articulares, em que algumas articulações são muito mais flexíveis para compensar outras, muito mais rígidas. O tratamento então pode ser grosseiramente resumido em duas frentes: trabalho de equilíbrio muscular e/ou ganho de amplitude articular.

Existe uma terceira situação, de pessoas que até possuem musculatura e amplitudes articulares razoáveis, mas que não têm o controle adequado. Neste caso, elas precisam treinar o gesto esportivo, que nada mais é do que treinar os movimentos da corrida de forma segmentada e aos poucos, com evolução, juntar os movimentos. Este seria um trabalho com o sistema nervoso da pessoa, treinando um gesto voluntariamente, até que se torne automático.

Mas para saber o que corrigir e como corrigir, é sempre aconselhado conversar com um profissional. Seja o seu treinador, seu médico ou fisioterapeuta. Com os detalhes da sua corrida em mãos, será muito mais fácil encontrar a causa e a solução de possíveis alterações, te protegendo contra lesões e desconfortos indesejáveis, além é claro, de poder melhorar seu rendimento consideravelmente.

Boa filmagem! 

Marcel Sera

Marcel Sera

Fisioterapeuta, palestrante e atleta amador! A ideia, aqui, é explicar como usamos e o que acontece com o nosso corpo em cada situação, ação e emoção de nosso dia-a-dia. Correr é uma terapia e minha fonte de inspirações para compartilhar o conhecimento de forma simples e objetiva para todos os interessados. Sugira, critique, questione, treine e corra à vontade!

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