RP não cai do céu!

Alexandre Lima
Adicionada em 16 de julho de 2021

Para quem não sabe, RP é a abreviação de “recorde pessoal”, também chamado de PR, “personal record”. O termo é usado quando o corredor bate seu melhor tempo em determinada distância. Não vou entrar aqui na discussão sobre se o RP vale apenas na prova oficial ou em treino. Isso é outro assunto e acho, de verdade, que há espaço para os dois cenários.

Meu foco aqui é debater os fatores que são determinantes na obtenção de um RP, indo de encontro aos que esperam que isso deveria ser corriqueiro.

Recorde pessoal (RP) é sempre mais fáceis de alcançar quando você é iniciante ou tem um nível de condicionamento menor. Obviamente, à medida que você treina e evolui no início de uma prática esportiva, seus tempos irão melhorando de forma progressiva e regular.

Com quem já treina e compete há anos e tem nível de condicionamento alto, acontece o oposto, quanto melhores as performances você já tiver entregue na pista, menor a janela de adaptação disponível para seu progresso. Isso é o esperado e natural. É neste ponto que os detalhes começam a fazer mais e mais diferença.

São os detalhes que descrevo daqui para frente.

A composição corporal para corredores é determinante. Quanto mais leve e forte você estiver, melhor performance terá. Corrida tem deslocamento do peso corporal e deslocar mais peso é mais custoso e difícil ao organismo. Pior ainda se esse peso extra for de gordura.

A correta alimentação, suplementação, hidratação e estado de saúde em geral também são fatores determinantes para bater o recorde pessoal. Podemos fazer mais de uma coluna falando apenas disso no futuro. Sem o combustível correto no tanque, nem Lamborghini anda…

Outro ponto que muitos desconsideram é que corrida de rua é um esporte altamente dependente do clima e também do percurso. Por exemplo: comparar tempos obtidos na maratona de Nova Iorque com Berlim é cruel pois as altimetrias dos percursos são bem diferentes. Berlim é muito mais plano que NY.  

A maratona do RJ de 2022 pode ser completamente diferente da mesma prova em 2023, basta que a temperatura e a umidade variem muito entre os anos – o que não é nada difícil de ocorrer no Rio. Isso terá um efeito direto no resultado final. Mesmo local com condições climáticas totalmente distintas! 

Muito vento no percurso, prova muita cheia que dificulta fazer as tangentes necessárias para correr a distância correta são outros fatores que influenciam no tempo final. Tenha isso em mente quando fizer estas análises. 

Ter companheiros para ajudar a manter o ritmo durante o percurso também ajuda demais. RPs vêm sempre com muito esforço, fazendo valer cada gota de suor. É natural que em uma prova de longa distância em determinado momento você relaxe, perdendo a concentração e alguns segundos preciosos que podem ser definitivos ao final do percurso. Ter parceiros de corrida a seu lado ou marcadores de ritmo da própria prova ajudam bastante a evitar isso.

Por fim, não se esqueça que as grandes conquistas têm um sabor especial porque são difíceis mesmo. A periodização do treinamento trabalha para você alcançar seu auge, normalmente, 2 a 3 vezes por ano. É neste período que você tem as maiores chances de alcançar seu RP.

Então, não se sinta derrotado quando o RP não aparecer. Nem todo dia as melhores condições estarão reunidas para você alcançá-lo e entender isso é o mais importante. Mantenha-se na estrada que em breve você irá encontrá-lo!

Saúde e alegria sempre. 

Boas corridas!

Alexandre Lima

Alexandre Lima

Licenciatura Plena em Educação Física pela UERJ, Pós-graduado em Ciências da Performance Humana pela UFRJ, Pós-graduado em Gestão de Negócios pelo IBMEC. Coordenador geral da Equipe Filhos do Vento/RJ desde 2000, tendo ajudado a realizar sonhos de centenas de corredores amadores dos mais diferentes níveis e objetivos no período. Apaixonado por corrida de rua, de 10km à Maratona. Casado, pai de dois filhos e muitos cachorros. Está no Instagram por @filhosdovento.

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