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Periodização de carboidratos, uma estratégia para melhorar o desempenho

Fellipe Savioli
Adicionada em 26 de junho de 2018
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Falar sobre nutrição esportiva é bastante controverso, visto que cada um tem suas preferências. Um grande exemplo sãos os irmãos triatletas Alistair e Jonathan Brownlee, que revelaram tomar leite com cereal, torradas com manteiga e pasta de avelãs no café da manhã. Isso mesmo, ele consome glúten, lactose, açúcar refinado e gordura saturada. Tenho certeza de que nenhum nutricionista ou nutrólogo prescreveria essa dieta. Mas também estou certo de que os Brownlee já testaram diversas dietas e escolheu essa por se sentirem melhor. Esses ingredientes fazem mal? Para algumas pessoas sim; para outras, não. Neste texto, vamos falar da periodização de carboidratos, uma estratégia que consegue melhorar a performance de atletas, amadores ou não. Nela, o indivíduo permanece um período com baixa ingestão de carboidratos, seguido de um período de “reposição” adequada.

 

A periodização de carboidratos na prática

Cada pessoa tem uma capacidade diferente para queimar gordura, que irá depender muito da parte genética. Quando restringimos o carboidrato na dieta, o corpo precisa se adaptar para aumentar a queima de gordura. Isso vai compensar a falta de carboidratos e liberar a energia necessária. Entretanto, é esperada uma grande queda de rendimento, já que o carboidrato é uma energia rapidamente ofertada ao corpo. Em contrapartida, a produção de ácido lático será menor, beneficiando o atleta para futuros treinos (porém não vamos entrar nos detalhes dessa situação). Além disso, a queda do rendimento vai diminuindo a cada ciclo, pois o corpo sempre irá se adaptar.

Suponhamos que um indivíduo seja capaz de queimar 1 g de gordura por quilograma de peso. Depois do primeiro ciclo de restrição de carboidratos, ele aumenta sua capacidade de queimar gordura, que é medida por meio de calorimetria indireta.

Esse mesmo atleta fica mais três semanas (um exemplo variável) consumindo uma quantidade muito baixa de carboidratos. Passado o período low carb, vem o high carb. O atleta experimentará o aumento do seu desempenho no início da periodização dos carboidratos, pois agora pode queimar mais gordura, produzir mais energia e melhorar a sua performance, graças à energia rápida dos carboidratos. Porém, se ele mantiver o consumo de carboidratos por um período prolongado, perderá a capacidade de queima de gordura.

O objetivo, portanto, é não deixar o corpo se acomodar e sempre impor situações que exijam adaptação. É importante conversar com o treinador ou especialista em nutrição para avaliar o melhor momento para iniciar o ciclo.

Vale lembrar que estamos falando de atletas (amadores ou não) com necessidades e reações. Existem pessoas que seguem “eternamente” a baixa ingestão de carboidratos — e se você se sentir bem com ela, está tudo bem — desde que ingira as quantidades mínimas de vitaminas, minerais, etc. Não existe a melhor dieta, mas a melhor dieta para cada pessoa. Tenho prescrito ciclos de carboidratos para amadores com excelentes resultados. É uma opção para quem almeja uma vaga na Maratona de Boston ou no Mundial de Ironman em Kona.

 

Fellipe Savioli

Fellipe Savioli

Triatleta amador, Fellipe Savioli é médico pós-graduado em medicina esportiva pela UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo (SP), pós-graduado em nutrologia pela ABRA – Associação Brasileira de Nutrologia. Também é especialista em ortopedia, traumatologia e em medicina esportiva.

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