Ilustração do intestino do ser humanoFoto: Ilustração do intestino do ser humano

Intestino regulado, corrida regulada

Mariana Klopfer
Adicionada em 03 de setembro de 2019
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Pode parecer um assunto que seja motivo de constrangimento para algumas pessoas. Mas falar do funcionamento intestinal é fundamental no cuidado da saúde como um todo – principalmente para os corredores.

Da mesma forma que devemos nos preocupar com o alimento que estamos comendo, temos de nos ater aos resíduos que excretamos, pois dizem muito de como está o funcionamento do nosso corpo. Diferente do que muitos pensam, o intestino é muito mais do que o tubo pelo qual passam os alimentos em processo de digestão.

Além de funções de absorção de nutrientes, e de formação e lubrificação do bolo fecal, o intestino está relacionado à produção de neurotransmissores de prazer (serotonina) e saciedade, e pela vitalidade de todo o nosso sistema imune.

A maioria dessas funções se deve às bactérias que estão (ou deveriam estar) na parede intestinal. A microbiota (este é o nome) é constituída por cerca de 500 bilhões de bactérias de 400 espécies diferentes, determinantes para a integridade do organismo. 

A saúde da microbiota é fundamental para os corredores, uma vez que o exercício tem características imunossupressoras, isto é, deixa o organismo mais suscetível ao aparecimento de doenças e infecções.

Se a microbiota for danificada, há maior permeabilidade da parede intestinal, o que facilita a passagem de macromoléculas e microrganismos patógenos, toxinas e outras substâncias não desejáveis.

Hoje em dia existem muitos estudos que associam a saúde e a permeabilidade intestinal com o aumento das doenças autoimunes, diabetes, quadros de enxaqueca, insônia, depressão, doenças inflamatórias e até mesmo da obesidade.

Mas como avaliar e cuidar dessa microbiota? Quando há uma alteração no ritmo intestinal (muito lerdo ou muito acelerado, que funciona várias vezes ao dia com fezes muito pastosas), é comum a microbiota estar comprometida.

O mundo em que vivemos por si só não ajuda muito: estresse, poluição, excesso de alimentos industrializados e refinados, baixa ingestão de alimentos ricos em fibras, utilização de antibióticos ou excesso de outros medicamentos e mesmo a desinformação da importância de que se alimentar é diferente de matar a fome já são fatores significativos para um desequilíbrio dessas bactérias.

E se o indivíduo apresenta flatulência excessiva, empachamento, candidíase de repetição, enxaqueca, espinhas, muitos problemas de infecção, resfriado, frieira, fungos nas unhas, ele fatalmente pode estar sofrendo de problemas intestinais.

O fluxo intestinal ideal funciona de uma a duas, no máximo, três vezes ao dia. E o uso de laxantes não é recomendado, porque danifica de forma severa a microbiota – em caso de desarranjos frequentes, é muito importante procurar ajuda para restabelecer o intestino.

As atividades metabólicas estão todas integradas, e o bom funcionamento do seu intestino com certeza vai contribuir muito para uma melhora na qualidade de vida e no rendimento na corrida.

 

 

Mariana Klopfer

Mariana Klopfer

Mariana Klopfer é formada em nutrição pela Universidade de São Paulo (USP) e diretora clínica da Nutricius - Nutrição Esportiva

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