Dicas de ética na corrida de rua

Harry Thomas Jr
Adicionada em 24 de janeiro de 2018
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Os lamentáveis acontecimentos na última Corrida Internacional de São Silvestre envolvendo uma Assessoria Esportiva, a qual parte de seus integrantes clonaram um número de peito e o replicaram depois a exaustão, repercutiu nacionalmente, reacendendo a discussão das más práticas nas corridas. 

Com ‘booms’ sequenciais do número de novos corredores e aumento da taxa de rotatividade nas arenas espalhadas pelo mundo do running brasileiro, alguns incautos desconhecem algumas “regrinhas não escritas” de nosso meio.

Algumas dicas de ética em nossa comunidade devem sempre ser postas em prática, para continuarmos vivendo em um oásis, em um bolsão de paz no meio das grandes e médias cidades como nós corredores conhecemos. Que ambiente reúne 10 mil pessoas onde não há ocorrências policiais, brigas, assaltos, entre outras violências?

Pipoca-Bandits:  Não corra sem estar inscrito oficialmente. Pipocar é um ato corrupto. A rua, no momento que acontece uma competição deixa de ser pública, já que o organizador-legal negociou uma outorga onerosa junto ao poder público ‘alugando’ o espaço por um determinado lapso de tempo. Para tanto, recolheu aos cofres públicos taxas e obrigações que não são poucas, nem baratas. 

Mesmo que não pegue água ou não passe no pórtico, o simples ato de estar no percurso atrapalha o fluxo da prova, que foi dimensionada com parâmetros que leva em consideração somente os inscritos. Além do agravante, no caso especifico, de socorro médico onde o organizador não deixa de atender o não-inscrito, fazendo com que essa demanda possa impactar de forma fatal em um inscrito.

Clone: Não clone nem replique números de peito e chips. Além de ser uma atitude antidesportiva, o ato é ilegal podendo o autor e co-autores sofrerem sanções e processos embasados no Código Penal.

Vintage: Não utilize números de peito de outras provas ou edições passadas do mesmo evento. O corredor está igualmente pipocando. Costumo dizer que, neste caso, trata-se de um pipoca que já foi pagante no passado.

Old School: Não se inscreva usando dados de idosos para obter descontos instituídos por Lei. O ato constitui falsidade ideológica. Na esfera esportiva, penaliza diretamente a classificação e premiação dos idosos inscritos legalmente.

Gênero: Não corra com inscrição do sexo oposto, ela prejudica, assim como na categoria idoso, a classificação e premiação entre o sexo correlato de cada inscrição.

O que é possível fazer?: Alguns dos erros acima dá para evitar com a simples leitura do regulamento da corrida. É necessário verificar a política de troca e desistência, além de possíveis tipos de reembolso oferecidos por alguns organizadores.

As corridas de ruas são feitas de regras. Atenção ao confirmar os termos dos regulamentos. Quando a inscrição é intransferível não tem jeito, o corredor tem que arcar com sua responsabilidade.

O assunto da troca de inscrição, antes da corrida acontecer por desistência do atleta inscrito, ainda é um debate aberto no mundo running. Para trocar o cadastro os organizadores precisão preparar uma estrutura especifica para proceder tal tarefa, aumentando os custos, e possivelmente onerando as inscrições, pois não há almoço grátis.

Harry Thomas Jr

Harry Thomas Jr

Jornalista especializado em corridas de rua desde 1999, Harry competiu pela primeira vez em 1994 e desde então já completou 31 maratonas – sendo três sub 3 horas: São Paulo (2h59min30), Nova York (2h58min20) e Blumenau (2h58min10). Também concluiu seis Ultratrails: 60K Ultratrail Putaendo, 67K Ultratrail Torres del Paine, 50K Indomit Costa Esmeralda e os 50K Ultra Fiord por três vezes. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.

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