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Cuidado com provas clandestinas

Harry Thomas Jr
Adicionada em 07 de agosto de 2019
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Não é uma prática normal, mas de uns cinco anos para cá, volta e meia, vemos cancelamentos e adiamentos de corridas sem motivos plausíveis e aparentes.

Não devemos generalizar, mas muitos desses cancelamentos tem indícios de golpes, muitos beirando o estelionato. Crime, mesmo, não há outra definição.

Um dos casos mais rumorosos aconteceu em julho em uma corrida que as inscrições começavam com parcos R$ 29,00 sem direito a camiseta e com opção de um kit mais recheadinho.

A prova contou com três dias de entrega de kits na qual tudo transcorreu normalmente e nenhum sinal de anormalidade foi percebido.

Importante salientar que tanto essa entrega de kit, como a prova, acontecia no extremo noroeste da cidade de São Paulo, ali no início da Rodovia Anhanguera. Para quem não conhece São Paulo podemos dizer que é um local que não é de fácil acesso.

A prova tinha largada às 6h30 em um dos dias mais frios do ano e os corredores madrugaram para estar no local.  O que ninguém esperava era que a organizadora por volta das 5h da manhã emitisse um lacônico comunicado em seu Facebook cancelando o evento sem explicar os motivos. Nesta hora muitos estavam a caminho do evento.

Chegando lá os corredores deram de cara com uma viatura da PM e só. As informações dão conta de quase 2000 inscritos. Três dias depois o comunicado de cancelamento foi deletado da página do Facebook, ninguém recebeu resposta, muito menos o reembolso.

Nos dias atuais é muito fácil criar um material gráfico atraente que vende mundos e fundos. É uma corrida literalmente virtual, que só existe no papel. Trata-se de prova clandestina ou pirata como queiram.

Para entenderem o procedimento de validação de uma corrida em grandes cidades: o organizador deve inicialmente contatar a prefeitura através da secretaria de esportes que cuida do calendário. Essa aciona os responsáveis por cada área: a CET para fechar as ruas, permissão da prefeitura regional para utilizar a área, PM , GCM, fiscalização da área médica através do GPAE (Secretaria de Saúde ). Por isso, cobra-se uma taxa para licenciar a prova. Posteriormente as federações de atletismo emitem o permit que é a chancela que comprova as normas técnicas.

No caso de provas clandestinas, o organizador simplesmente arma sua arena em um ponto pouco movimentado e “arma o circo”. Se colar (ninguém impedir tal montagem), colou. Caso “cole” a prova acontece sem trânsito controlado, na maioria das vezes sem seguro de vida, sem equipes médicas. Em suma, um verdadeiro perigo.

Com esse cenário, os corredores devem se atentar e se informar. Sugiro:

  • Fazer uma visita ao site do evento. Caso não tenha site já é um ponto negativo pois sites são os cartões de visita dos organizadores.
  • Checar o Facebook e verificar os comentários se são positivos ou não.
  • Perguntar a conhecidos ou em grupos de corridas em redes sociais.

Valorize os verdadeiros organizadores. 

Harry Thomas Jr

Harry Thomas Jr

Jornalista especializado em corridas de rua desde 1999, Harry competiu pela primeira vez em 1994 e desde então já completou 31 maratonas – sendo três sub 3 horas: São Paulo (2h59min30), Nova York (2h58min20) e Blumenau (2h58min10). Também concluiu seis Ultratrails: 60K Ultratrail Putaendo, 67K Ultratrail Torres del Paine, 50K Indomit Costa Esmeralda e os 50K Ultra Fiord por três vezes. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.

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