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Conheça seu corpo

Marcello Butenas
Adicionada em 14 de novembro de 2017
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Uma coisa que todo corredor, principalmente os ditos experientes, deveriam fazer é correr sem utilizar um aparelho eletrônico de monitoramento. Se você se enquadra nesse perfil, com larga experiência nos mais diferentes tipos de prova e distâncias, já parou para pensar em vivenciar tal situação? Aliás, mesmo que você seja iniciante, comece desde já a cogitar esta ideia!

Acredito que a participação em uma prova é o “teste” final para saber se todo o seu autoconhecimento realmente está arraigado e se seu feeling de atleta está desenvolvido — ou se simplesmente você ainda é um grande dependente dos meios de monitoramento.

Quem nunca passou pela situação de, na hora da largada, ligar seu aparelho GPS e ter a péssima surpresa de ele estar totalmente descarregado? Nesse momento, a única opção é largar para a prova com aquilo que lhe resta: a sensação de esforço relativa à intensidade.

Nos primeiros quilômetros ainda é possível ter uma ideia, mesmo que vaga, do pace, pois é mais fácil perguntar para o corredor ao lado o ritmo da corrida. A partir do ritmo inicial, você pode fazer a prova progressiva, ou seja, acelerando um pouco a cada parte da distância total. É possível programar o ritmo para uma sensação de esforço um pouco maior do que a do início, mas que permita aumentar a intensidade no último trecho da prova.

 

 

Dessa forma, em ritmo pouco mais forte a partir da segunda metade e na parte final, acelerando mais um pouco, você pode atingir o resultado programado como tempo final com base apenas na sensação de esforço relativa, sem ficar preso ao equipamento, mas sim ao seu feeling. Colocando esse exercício em prática, você desenvolverá uma percepção apurada de como o seu organismo reage ao esforço da corrida.

Todo corredor que passa a vida buscando performance e resultados tem sempre a necessidade de monitorar ao máximo seus treinos e provas, já que assim ele consegue minimizar seus erros. A ciência do treinamento desportivo, assim como a utilização dos dados fisiológicos e metabólicos no monitoramento do esforço, são o caminho direto rumo ao objetivo.

Porém, de tempos em tempos, é essencial “testar” sua relação com o organismo em situação de esforço para saber se as sensações e os dados oferecidos pelos meios de monitoramento estão realmente sendo assimilados. Acredite, é um passo de grande importância no crescimento de cada um de nós como atletas. Não deixe de tentar correr sem nenhum tipo de aparelho só para ver o que acontece!

Marcello Butenas

Marcello Butenas

Marcello Butenas é treinador de triathlon e de corrida desde 1990 e é diretor técnico da Butenas Assessoria Esportiva. Como atleta foi vice-campeão brasileiro de triathlon em 1991, tetra-campeão paulista em 1992, 1993, 1995 e 1996 e participou de Ironmans no Havaí em 1992, 1995 e 1996, no Brasil, em 2002 e 2007, e na Alemanha, em 2012, com recorde pessoal de 9h24min. É colunista da revista O2.

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