Correr em montanhas não é estilo, é espírito

Adicionada em 27 de agosto de 2014

Isso não significa que as corridas de montanha prevalecerão em número de provas e atletas se comparado às corridas de rua, mas qualquer pessoa ligada em provas de corrida já ouviu falar de algumas provas de montanha, tais como XTerra, Circuito Indomit (Indomit 42 km Bombinhas, Indomit Campos do Jordão…), Rei da Montanha, K21 e k42 Series e provas do Circuito Paulista de Montanha. Isso, só para citar apenas algumas.

Atualmente, há também o que chamamos de provas híbridas, uma mistura de asfalto com estradas de Terra. Não necessariamente são consideradas provas de corrida de montanha, mas é um bom começo para quem está desejando partir para as provas junto à natureza.

O que as provas de corrida de montanha me ensinaram foi, em primeiro lugar, a camaradagem entre os atletas (algo que eu não via na mesma intensidade em outros esportes). Aliás, posso dizer que já “trafeguei” bem por diversos esportes até chegar às provas de corrida de montanha: corridas de rua, maratonas, triathlon, maratonas aquáticas, remo, squash, corridas de aventura e, por fim, corridas de montanha. Portanto, enquanto eu via competição até em treinos com a turma do triathlon (não desmerecendo em nada esse esporte, que também é maravilhoso, exigente e completo), nas provas de montanha percebia o respeito dos outros corredores, principalmente, em relação às mulheres, um ajudando o outro, procurando incentivar.

Vi um respeito muito grande pela natureza também. Nada de geis e lixo jogados pelos atletas durante a competição. Aliás, isso valeria um outro post, pois com o aumento do número de atletas e provas, muita gente que não tem esses “princípios” de ajuda e respeito pelo colega e pela natureza, estão invadindo as provas e desvirtuando a atmosfera do Trail Running.

Em segundo lugar, não há muito isso de exibição de equipamentos, o que chamo de “sair bonito na foto”. Raramente, tem fotógrafo nos trechos mais complicados das provas, até porque fica complicado para o fotógrafo chegar até lá com todo o equipamento. Não tem torcida da mãe, do pai, grito da namorada, etc., etc. Você estará “sozinho”. Enquanto subir, ou descer aquela montanha que parece interminável, você será o único responsável por você mesmo, e terá apenas uma mochila e tudo aquilo que planejou dentro dela. Já que, em muitas provas, o atleta deve ser autossuficiente. Portanto, de nada adianta um belo par de tênis ou uma mochila top, se sua cabeça e seu corpo não trabalharem em sintonia. Nesse sentido, digo que nas provas de montanha você tem muito menos exibicionismo… E mais atitude.

Importante fazer essa introdução para quem está com vontade de calçar os tênis de trilha e sair por aí correndo. O espírito das provas de montanha é outro. No final de uma prova de montanha, somente você saberá todos os obstáculos pelos quais passou sejam da natureza, sejam físicos. Não há aplausos, não há fotografias, não há beijo de namorada. Somente você, sua paciência, persistência, força de vontade e garra. Tudo isso, recompensado pelo presente de Deus que é a imensidão da natureza.

Vivian Pavão

Vivian Pavão

Corredora há mais de 15 anos, fez sua primeira maratona aos 20 anos, conquistando o terceiro lugar em sua categoria, e não parou mais. Já praticou diversos esportes, mas atualmente dedica-se à corridas de montanha. Entre as maiores conquistas está o primeiro lugar Geral no Desafio das Serras em dupla mista, prova de 80 km, e o primeiro lugar geral da Copa Paulista 50 km em Paranapiacaba, em 2015.

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