Artigo: como viajar para correr só com a mala de mão?

Adicionada em 05 de novembro de 2019

Por Harry Thomas Jr.*

Com recentes mudanças no mercado de aviação, surge uma nova maneira de viajar. A entrada das novas companhias aéreas low-cost, em 2020, e o fim da gratuidade obrigatória no despacho de bagagens têm feito, e ainda farão mais, muita gente viajar só com mala de mão. E os corredores precisam saber se organizar para isso.

A mala de até 23kg agora tem preço. Na última viagem internacional – que não varia muito da nacional – me cobraram R$ 160 o trecho. E as low-cost oferecem preços ótimos, inclusive para destinos fora do País, para quem aceitar viajar sem despachar nada. Enfim, ir só com a mala de mão tornou-se prático e econômico, até porque os passageiros ainda podem levar uma mochila ou bolsa sobressalente para ir embaixo do assento.

E asseguro ao corredor: é possível levar todo o equipamento necessário para uma prova viajando só com a mala de mão – inclusive de trail running, como fiz em uma prova que participei no Sul do Chile.

Até porque sempre defendi que os atletas levem seus tênis e roupas de prova na bagagem de mão, mesmo quando é possível despachar. É preciso ter em conta que há limites de líquidos e aerossóis, como produtos para lentes de contatos, desodorantes e até a vaselina que muitos atletas usam. São no máximo 100 ml.

Instrumentos pontiagudos também têm restrição. Os trekking poles – bastões de trail running – devem ser aqueles com ponta de borracha.

A dica mais importante é eliminar sem dó tudo que não for de primeira utilidade. Outra é apostar em peças versáteis e que não amassam. Ter as roupas dobradas em rolinhos e divididas em sacolinhas destas que vem nos kits é outra sugestão.

É preciso fazer a conta de quantos são os dias da viagem e quais os compromissos. Para peças maiores, como calças e blusas, tento levar duas de cada, no máximo. A jaqueta que vira colete também pode ser peça coringa, tanto para compromissos sociais como para ocasiões esportivas.

Ultimamente as companhias aéreas medem o tamanho das bagagens de mão via “blitz”. Chegam na fila do embarque com aquela caixa de papelão e comparam sua mala. Tamanho certo, está certo. Errado, como dito aqui, paga a mais. O tamanho máximo é de 55 cm x 35 cm x 25 cm. O peso, 10 kg.

A bagagem de mão não é o fim, mas o começo de uma mudança nossa de cultura e de viagens mais baratas. Viajar como esses turistas europeus que passam meses só com uma mochila clássica é um sonho do desprendimento.

Mas para nós, corredores, não é preciso ir tão longe. É possível ser feliz e levar tudo o que é necessário para treinos e provas só com uma mala de mão. Garanto.

 

*Harry Thomas Jr. é jornalista especializado em corridas de rua desde 1999. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.