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Como se machucar correndo

Marcel Sera
Adicionada em 19 de março de 2018
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Tenho certeza que as receitas para se lesionar muitos já sabem ou conhecem quem as seguiu. Porém, alguns detalhes poucos sabem e por isso continuam a se machucar correndo sem entender as causas. E pensando nisso, decidi escrever abaixo uma lista resumida de alguns dos principais causadores de lesão, dos mais famosos até os mais escondidos.

Erros que fazem você se machucar correndo

Incompatibilidade entre treinos e condição física

Forçar o corpo além do seu limite sempre traz resultados óbvios. Ou seja, lesões. Como exemplos estão os treinos intervalados em altas intensidades, volumes semanais e treinos de força sem considerar previamente o preparo de cada pessoa. É bem comum acontecer quando alguns resolvem imitar treinos de outros.

Não respeitar os sinais do corpo

Atletas que confundem cansaço com preguiça tendem a forçar mais o corpo esquecendo que ele precisa de descanso. Cada indivíduo precisa de um tempo mínimo de recuperação, conforme sua bagagem, volume e intensidade de treinos. As pessoas mais suscetíveis a se machucarem por falta de descanso são as teimosas, que costumam se acostumar com o cansaço e acham que estão sempre bem.

Exercícios feitos de maneira errada

Seja um erro considerável na mecânica da corrida, algum exercício educativo mal executado ou qualquer outra atividade que complemente a corrida, que seja feita de maneira inadequada. Resumindo, basta pensar que os músculos e outras estruturas foram desenvolvidos de uma maneira específica, para proteger nosso corpo. Se alguém os condiciona de forma errada, em vez de protetores eles passam a ser os vilões.

Alimentação inadequada

Nosso corpo precisa de uma quantidade mínima de nutrientes e elementos básicos para que consigamos fazer tudo no dia a dia sem nos prejudicar. Se ingerirmos algo a menos, seja alguma vitamina, quantidade de proteína ou mesmo água, passamos a forçar algumas estruturas internas como órgãos e consequentemente outras mais externas associadas a elas, como nervos e músculos.

Uso de remédios

Neste caso, é importante citar os analgésicos, relaxantes musculares e anti-inflamatórios. Eles mascaram as dores e os sintomas que deveriam te proteger. Uma pessoa sob efeitos destes remédios acaba se sentindo melhor do que realmente está e por isso, é comum forçar um pouco a mais, aumentando muito as chances de se machucar correndo.

 

 

Calçados inadequados

Não é regra, mas na maioria das vezes pessoas com pés mais flexíveis (geralmente aqueles com os arcos rebaixados, com menos curvas) costumam se dar melhor com tênis de solas mais firmes, dessas que não se dobram nem torcem com facilidade.

As chances de tendinites, esporões e fascites nesta combinação são aumentadas. Além disso, podemos citar os calçados muito antigos e deformados, o excesso ou a falta de amortecimento dependendo da pisada da pessoa, pronadores e supinadores sem indicação, etc.

Roupas inadequadas

Vestimentas mal dimensionadas para o corpo de um indivíduo podem gerar pontos de tensão aumentada, sobrecarregando algumas áreas importantes, principalmente em regiões onde passam muitos nervos mais sensíveis, como ombros e pescoço, axilas e virilhas.

Quando se comprime um nervo demais (normalmente por roupas com regiões mais apertadas), a pessoa pode sentir desde falta de força, fadigas precoces e câimbras, até dores fortes irradiadas. A longo prazo isso pode comprometer a função de músculos importantes, já que os nervos controlam os músculos.

Alongamentos forçados

É o mesmo caso do item anterior. Quando forçamos demais um alongamento, além de machucar as fibras musculares, é possível irritar (hipersensibilizar) e lesionar os nervos. Afinal, eles estão envoltos nelas.

Fazer experimentos

Correr descalço, inventar exercícios, ingerir alimentos “curiosos”, tomar remédios por conta própria (mesmo que sejam “naturais”), imitar outras pessoas, entre outros. É uma faca de dois gumes. Pode dar certo, mas pode dar errado.

Agora, como se proteger e evitar tudo isso? Primeiro, use o bom senso. Mas a sugestão mais importante é que você esteja sempre orientado por alguém capacitado. Lembre-se que cada pessoa reage de uma forma diferente da outra e por isso precisamos ser avaliados individualmente.

Conversar com um professor de educação física, nutricionista, fisioterapeuta, médico, entre outros profissionais de vez em quando, é sempre válido. Não é uma exigência, mas quanto mais informação você tiver a seu respeito, menores serão as chances de se machucar correndo.

Marcel Sera

Marcel Sera

Fisioterapeuta, palestrante e atleta amador! A ideia, aqui, é explicar como usamos e o que acontece com o nosso corpo em cada situação, ação e emoção de nosso dia-a-dia. Correr é uma terapia e minha fonte de inspirações para compartilhar o conhecimento de forma simples e objetiva para todos os interessados. Sugira, critique, questione, treine e corra à vontade!

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