Tecnologias de amortecimento e a corrida

Marcel Sera
Adicionada em 08 de novembro de 2017
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Moda vai,, moda vem e os amortecedores nos tênis de corrida estão sempre em destaque. Cada marca com seu nome e seu material patenteado, geralmente como justificativas de preços elevados e prometendo mais segurança e conforto aos seus usuários. Mas será que isso realmente é bom para todos?

A resposta definitivamente é não. É não, pois nada é bom para todos. Isso é obvio, certo? Pois então, vamos falar melhor sobre a influência dos amortecedores nos tênis de corrida em nosso corpo e, no final, tirem suas próprias conclusões. Sim, cada um terá a sua, como deve ser em qualquer discussão sobre o que é bom para nós, seres vivos.

De modo geral, quanto mais amortecimento o tênis possui, menor a necessidade que temos de usar nossos próprios amortecedores. Estes, que por sua vez são constituídos de ossos e articulações, movidos por músculos, controlados por nervos, gerando movimentos equilibrados e em amplitudes específicas que evitam as sobrecargas.

Por outro lado, quanto menos componentes um calçado tiver, maior será a exigência para usarmos o que temos, ou desenvolver o que ainda não temos.

Ou seja, parece mais cômodo e mais fácil optar pela primeira opção. Será que é por isso que são mais caros? Pagamos pela comodidade? Talvez, mas existem calçados com bem menos componentes, pelo mesmo preço e até bem mais caros.

A justificativa é que enquanto alguns investem em sistemas de amortecimento, outros investem em eficiência, desenvolvendo materiais leves e resistentes, para pessoas que sabem usar seus próprios amortecedores.

 

 

Correr da maneira mais eficiente, com menos impacto nas articulações, realmente exige treino, disciplina e técnica. Alguns já correm desta forma desde criança, quando provavelmente já corriam descalço enquanto outros foram forçados a aprender por conta de dores, lesões ou simplesmente pela vontade de melhorar suas marcas pessoais. Para estas pessoas, de modo geral, os calçados mais leves, com menos amortecimento, são bem indicados.

Porém, quem não tem essa aptidão, não necessariamente vai se machucar ou será mais lento sempre. Para estes, os calçados com tecnologias de estabilidade e amortecimento podem ser indicados, pois realmente dão mais proteção ao corpo e evitam desgastes crônicos. Em alguns casos, essa proteção toda é o motivo que faz muitas pessoas começarem a correr. E isso é muito bom. E esse é um dos motivos pelos quais estes calçados são muito indicados para iniciantes da corrida.

Algo curioso ocorre quando uma pessoa mais experiente na corrida, que usa calçados com drop reduzido (quando a diferença entre a parte mais alta – geralmente na região do calcanhar – e a parte mais baixa da parte interna do tênis, é pequena), resolve usar um outro, com drop mais alto.

Ela se sente instável, pois precisa se equilibrar em uma superfície mais alta, que cede mais o seu peso e que se movimenta mais. Já o contrário, quando uma pessoa iniciante na corrida resolve usar um calçado com perfil mais baixo, se sente como se estivesse com os pés desprotegidos, sente o chão e suas imperfeições, sente a pressão do seu peso nos ossinhos da sola dos pés.

Nesses dois casos acima, ambas sentirão os músculos do corpo todo, mas principalmente dos membros inferiores, serem mais usados. Isso mesmo. Para a primeira, é como se estivesse andando sobre um colchão macio, se desequilibrando. Para a segunda, como se estivesse andando sobre um chão duro cheio de pedras pequenas, se contorcendo para não pressionar demais alguns pontos mais sensíveis do pé.

A verdade é que como seres humanos, temos aquela vontade de evoluir e melhorar o que fazemos. Mas para isso, é preciso abandonar a zona de conforto. Na corrida, um bom parâmetro é justamente a mudança do calçado. Quanto mais leve, menos peso precisaremos carregar e consequentemente mais rápidos seremos. Mas antes, precisamos nos preparar para poder usar aquele tênis.

Por fim, é importante deixar claro que mesmo que tenha o tênis cheio de tecnologias, pode se machucar. O calçado ajuda, mas nem o mais caro de todos substitui uma orientação básica de um profissional (de preferência com o educador físico).

Portanto, faça algumas experiências, teste outros modelos (existem locais que te permitem fazer isso gratuitamente). O máximo que vai acontecer é descobrir que o modelo que você sempre usou, ainda é o melhor para você. Mas sugiro que tenha essa certeza!

Marcel Sera

Marcel Sera

Fisioterapeuta, palestrante e atleta amador! A ideia, aqui, é explicar como usamos e o que acontece com o nosso corpo em cada situação, ação e emoção de nosso dia-a-dia. Correr é uma terapia e minha fonte de inspirações para compartilhar o conhecimento de forma simples e objetiva para todos os interessados. Sugira, critique, questione, treine e corra à vontade!

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