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A prótese é o fim da linha nos esportes?

Adicionada em 19 de julho de 2018
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Muitos atletas de corrida, ciclismo, crossfit e outros esportes temem a artrose, principalmente por seu desfecho: não poder mais praticar nenhum esporte. Mas será isso uma verdade?

Nas últimas décadas os protocolos de reabilitação mudaram muito, e sabemos que os exercícios não só previnem como fazem parte do tratamento dessa doença marcada pelo desgaste da cartilagem.

No entanto, com a progressão da doença a dor pode se tornar mais intensa e frequente. Nesse estágio, falhando as alternativas não cirúrgicas, o indicado é a prótese da articulação acometida, seja ela o joelho ou quadril.

Acontece que junto com a evolução do tratamento não operatório, avançaram as técnicas cirúrgicas, os materiais das próteses e a fisioterapia pós-operatória.

Pesquisadores ingleses, liderados por S. S. Jasmin, publicaram no The Bone & Joint Journal uma revisão da literatura médica a respeito do assunto. Eles mostraram que a prática esportiva é comum após a cirurgia, principalmente naqueles que já realizavam alguma atividade previamente, eram magros e não possuíam idade avançada. Não ter dor em outras articulações é algo que também contribuiu para o retorno.

Diversos esportes foram estudados. No entanto, a grande preferência se deu por atividades de baixo impacto como ciclismo e natação, apesar de não haver consenso claro quanto às atividades de maior impacto. Eu mesmo treino ciclismo com um grande amigo que possui prótese no quadril e chega a pedalar mais de 300 km por semana.

Alguns autores já estão estudando os efeitos da corrida nesses pacientes, como foi o caso de Hirohito Abe e colaboradores da universidade de Osaka. Eles publicaram o artigo Jogging After Total Hip Arthorplasty no American Journal of Sports Medicine, uma das revistas mais importantes do mundo no assunto.

Em seu estudo, 66% dos pacientes que corriam previamente à cirurgia retornaram ao esporte. No entanto, essa não é a opinião da vasta maioria dos cirurgiões, assim como a minha.

 

 

Para mim, apesar de todos os avanços, o ideal é que o paciente realize atividades de fortalecimento associadas a exercícios aeróbicos de baixo impacto como trekking, ciclismo, transport, natação ou tênis ( de dupla).

Dessa forma, uma prótese não é o fim da linha para uma vida saudável! Pelo contrário, atividades físicas realizadas com segurança irão aumentar sua força muscular, duração da prótese e melhor condicionamento físico.

Referências:
• Athletic activity after lower limb arthroplasty – A systematic review of current evidence. The Bone & Joint Journal Vol. 96-B, No. 6, July 2014
• Jogging After Total Hip Arthorplasty – American Journal of Sports Medicine – Vol. XX, No. X, 2013

Sérgio Maurício

Sérgio Maurício

Formado em Ortopedia e Traumatologia pela UFRJ e especializado em joelho pelo Instituto Nacional de Ortopedia e Traumatologia (INTO). Pós-graduado em medicina do esporte, maratonista e triatleta nas horas vagas.

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