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A dor embaixo da costela na corrida

Marcel Sera
Adicionada em 24 de abril de 2019
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Muito conhecida como dor no baço (e que de baço não tem nada) ou dor de lado, a dor embaixo da costela que de vez em quando nos pega desprevenidos em alguns treinos e provas possui causas e alguns meios de evitá-la.

O principal responsável por essa dor é o diafragma, um músculo que lembra um guarda-chuva aberto sem o cabo, formando uma cúpula que se encaixa embaixo das costelas e separa nossas vísceras dos pulmões.

Por isso, quando ele se contrai, pressiona essas vísceras para baixo e facilita a entrada de ar nos pulmões. Quando ele fica mais contraído do que deveria, fica mais rígido, dificultando a respiração e gerando dor local, a famosa (e errada) dor no baço ou dor de lado.

Causas para a dor embaixo da costela

Excesso de esforço físico

Um esforço maior do que o de costume nos faz precisar de mais oxigênio e a primeira resposta do corpo a isso é aumentar a intensidade da respiração, exigindo mais dos músculos respiratórios, como o diafragma (o principal deles).

Algumas pessoas ainda exigem do pescoço e ombros, que também ficam doloridos. Neste caso, é importante treinar para melhoras progressivas, dando tempo para a evolução do corpo.

Falta de aquecimento

Todo músculo precisa estar aquecido antes de uma atividade física, principalmente de maior intensidade, inclusive os da respiração. Portanto, iniciar subitamente um esforço sem estar aquecido aumenta as chances destes músculos entrarem em contratura.

Aquecimento respiratórios podem ser feitos de várias formas, como respirações profundas, técnicas de yoga, pequenos sprints ou exercícios que te deixem levemente mais ofegante antes da atividade.

Postura errada durante o exercício

O diafragma é um músculo e, assim como todos os outros, precisa de uma posição adequada para funcionar bem. Se estufamos demais o peito para frente e para cima, deixamos ele esticado demais. Curvado para frente e para baixo, ele fica curto demais, sobrecarregando o coitado das duas maneiras. Por isso o ideal é encontrar algo mais neutro.

Desconforto visceral

Intestino irritado (diarreia ou constipação), estômago sensível (queimação ou empachamentos) e fígado sobrecarregado (por exemplo com comidas gordurosas ou álcool na véspera) são condições que dificultam a contração do diafragma.

Como foi dito, ele empurra as vísceras para baixo e se elas estiverem sensíveis, o corpo vai dificultar a função natural deste músculo, fazendo-o trabalhar de forma bem diferente, levando-o à sobrecarga.

Se estiver assim a sugestão é que comece em ritmo mais leve e vá aumentando aos poucos, dando tempo para o corpo se acostumar devagar.

Emoção

Muita ansiedade, estresse, euforia, raiva e medo são exemplos de emoções que deixam o nosso corpo mais tenso do que o normal. E quando estamos tensos, os músculos também estão, principalmente os respiratórios.

Isso acontece pois nestas condições é comum estar com respiração mais curta e rápida, pela própria tensão muscular que impede movimentos mais amplos das costelas e da coluna, essenciais para respirações mais profundas.

Controlar a mente não é fácil, mas é possível distraí-la conversando com alguém do lado, cantando músicas, fazendo exercícios respiratórios e gritando, por exemplo.

Acredito que este último item seja o causador mais comum da dor de lado, que de dor no baço não tem nada. Principalmente porque antes de uma prova ou um treino mais forte, é comum colocarmos em questão várias coisas. Se estamos prontos, se vamos conseguir, etc.

Mas essa é uma opinião particular, baseada na minha experiência e em conversas com outros atletas.

Como parar a dor de lado

De qualquer forma, se a dor de lado atacar, reduza o ritmo, tente respirar mais devagar (conforme o ritmo vai diminuindo) e coloque na cabeça que é algo temporário. Conforme seu corpo for se acostumando, retome o ritmo progressivamente.

Em casos mais sérios, a pessoa terá que se curvar para frente, reduzindo ao máximo a tensão do diafragma, ou curvar-se para trás para alongá-lo aos poucos até que ele relaxe (mas isto depende de cada caso, então é importante testar as duas manobras).

Se esta dor é frequente e aparece mesmo com intensidades menores de exercícios, é preciso procurar um médico para avaliar a presença de algum componente visceral, fisiológico ou outro que esteja comprometendo a função da região.

E se você não faz ideia do que é tudo isso que escrevi, relaxe e continue com bons treinos!

Marcel Sera

Marcel Sera

Fisioterapeuta, palestrante e atleta amador! A ideia, aqui, é explicar como usamos e o que acontece com o nosso corpo em cada situação, ação e emoção de nosso dia-a-dia. Correr é uma terapia e minha fonte de inspirações para compartilhar o conhecimento de forma simples e objetiva para todos os interessados. Sugira, critique, questione, treine e corra à vontade!

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