Encontre novos desafios na corrida

Adicionada em 30 de janeiro de 2014

Chega um determinado momento na vida de um corredor em que ele, após analisar tudo aquilo que já realizou, conclui que é necessário se lançar a novos desafios para não perder a motivação. Um atleta que já correu, por exemplo, provas dos 5 km até os 42 km — ou até ultramaratonas — pode achar que já fez de tudo o que podia dentro do mundo desse esporte. Mas eu digo que sempre conseguimos achar uma novidade ou alguma corrida diferente que nos estimule a treinar com mais afinco.

Em 2013, cheguei a um ponto da minha vida de corredor em que a única prova de que ainda não tinha participado era uma ultramaratona. Não é uma distância que particularmente me atrai, pois tenho pouca paciência para correr em um pace mais lento que meu ritmo de mecânica confortável e esse fator é imprescindível para se obter sucesso nas ultras. Mas, mesmo assim, por falta de estímulo, resolvi treinar para fazer o desafio Bertioga–Maresias na categoria solo e encarar a distância de 75 km.

Iniciei os treinos em fevereiro para correr a prova em maio e, nesse meio-tempo, decedi participar do revezamento Volta à Ilha, em Florianópolis. A prova na capital catarinense foi em abril, um mês antes do grande desafio. Fui treinando, aumentando o volume gradativamente e cheguei a correr 42 km em treino — além dos 56 km em “Floripa”. Após completar esse “treinão”, porém, uma certeza começou a tomar conta da minha mente: senti que não teria a paciência necessária para os 75 km, já que nesses 56 km acabei correndo cerca de 40 segundos por quilômetro mais rápido do que deveria.

Cada indivíduo tem sua melhor mecânica de movimento, ou a mais confortável, que deve ser respeitada, senão a alteração para um ritmo mais lento pode tornar a mecânica desconfortável e cansativa. Experimente correr por volta de 30 segundos por quilômetro mais lento que o seu pace ideal e analise o que aconteceu. Com certeza você sentirá um cansaço, não fisiológico ou de esforço cardiovascular, mas sim um desconforto estrutural: músculos, tendões e ligamentos.

Depois de refletir bem sobre este último longão, resolvi desistir da prova, pois senti que o que deveria ser um desafio poderia se tornar uma grande frustração. Assim, preferi mudar o foco, riscar as ultramaratonas de meu currículo esportivo e apenas imaginá-las como provas que não são destinadas a um atleta com o meu perfil.

Depois desse momento, passei a buscar algum outro objetivo diferente e acabei encontrando o The Blenheim Palace Triathlon – Weekend Warrior Challenge. Já participei de todos os tipos de triathlon, dos mais simples até o Ironman do Havaí, mas esse em questão era novidade. Ele consiste em realizar o máximo de provas chamadas de short (750 metros de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida) que conseguir em dois dias de evento, durante 6 horas ininterruptas em cada dia. Vence quem fizer o maior número de provas no menor tempo.

O evento é destinado a somente 20 atletas convidados e fiquei honrado em ter meu currículo aprovado. Além disso, como essa prova é beneficente, temos que conseguir o maior número de doações para a entidade-alvo. E este trabalho começa agora, seis meses antes da largada, que será nos dias 7 e 8 de junho de 2014, no castelo de Blenheim, em Oxfordshire, Inglaterra. Portanto, novamente motivado, eu afirmo: está lançado o meu maior desafio de 2014!

(Texto retirado da coluna “Performance” da Revista O2, edição 129, janeiro de 2014)