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Do escritório à Maratona de Boston (quase) por acaso

Adicionada em 04 de abril de 2018

Uma sucessão de pequenos desejos leva a um grande resultado, disse uma vez Charles Baudelaire, em uma frase que muitas vezes é creditada ao lendário atleta Emil Zatopek. Para Vanessa Fonseca, ou Van Fonsek, esses pequenos desejos começaram em 2015, quando, quase por acaso, decidiu participar de uma corrida organizada por seu cunhado. Terminou como a quarta colocada entre 3 mil participantes – fez 5 km em 24 minutos.

Mais por competitividade do que por prazer, e pressão de amigos, decidiu, horas depois de cruzar a linha de chegada, que começaria a treinar “seriamente”. Na segunda-feira, acordou às 4 h da manhã e marcou em seu aplicativo no celular 5 km de corrida pela orla do Rio de Janeiro. Meia hora de exercício antes de encarar o dia, que começava com uma hora e meia de trânsito até o escritório, em que atuava como advogada.

Quando voltava para casa, acrescentava à rotina a meia hora de academia a que já estava acostumada. Depois, ainda tinha energia para terminar uma pós-graduação. Deitava-se depois das 23h e em poucas horas começava tudo de novo.

“Sou muito elétrica, não consigo dormir cedo e continuo acordando por volta das 5 da manhã”, disse Van à O2. Sobre seu começo na corrida acrescentou: “só comecei. Treinava, mas sempre fazia igual. Marcava 5 ou 6 km no app todos os dias. Nem tinha ideia de planilhas e tudo isso”.

 

 

Mesmo assim, a advogada continuou subindo em pódios de provas menos badaladas. Até que um dia a competitividade deu lugar ao prazer por correr, e sua vida pessoal se transformou. Meses depois daquele quarto lugar na estreia, seu marido a deixou pensando por horas com uma frase, aparentemente, despretensiosa.

“O esporte te faz muito mais feliz que o trabalho. Você deveria tentar se dedicar só a ele por um tempo e ver o que acontece”, disse.

Refletiu e resolveu seguir a ideia do marido. Deixou o emprego no escritório de advocacia e transformou sua vida. Em meados de 2016, Van Fonsek já não conseguia mais parar de correr, estava viciada.

Seus objetivos diários passaram a ser outros: cumprir rigorosamente a planilha, alimentar-se responsavelmente e melhorar sua corrida. Ainda se cercou de profissionais – o treinador Roberto Tadao e a nutricionista Cynthia Howllet – e amigos, que a acompanhavam nos treinos longos.

O esforço nos treinamentos começou a aparecer também em suas redes sociais e, aos poucos, ela cavou seu espaço como inspiração para milhares de fãs no Youtube, com o canal Tênis na Bolsa, e o Instagram @vanfonsek. Isso logo chamou a atenção de marcas que passaram a apoiá-la, até que a antes advogada se tornou capitã do programa adidas runners.

“Sempre quis ser parte da marca e coloquei meu foco nisso – comprava tudo o que podia. De tanto que quis, hoje sou parte e estou no projeto adidas runners para percorrer diversos lugares da América Latina”, explica.

 

 

Difícil para Van Fonsek era imaginar que em sua primeira prova de 42 km conseguiria o índice para correr a Maratona de Boston. Primeiro, porque nem sabia que a corrida existia, muito menos que havia um sistema de classificação para ela. Depois, porque fez a Maratona do Rio de 2017 quase por obrigação.

“Na verdade, a galera decidiu por mim e só resolvi treinar. Quando acabei a prova em 3h28min08s, fiz um post no Instagram e nos comentários me disseram que eu tinha conseguido a marca. Honestamente, nem sabia do que estavam falando”, diz a corredora, que se inspira em nomes como da ultramaratonista Fernanda Maciel e de seu amigo Thiago Rocha.

Antes de chegar a Boston, a atleta brasileira fará uma escala no Chile, onde correrá apenas 10 km como representante do programa adidas runners na Maratona de Santiago, para então encarar a prova mais icônica do calendário.

“Estou treinando para dar o meu melhor. Não sei se vou bater minha melhor marca porque o percurso é difícil, mas tentarei”, disse Van Fonsek em relação à prova no país sul-americano. Para seguir seus passos, além das redes sociais, acompanhe a aventura chilena e norte-americana da brasileira na O2.