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Dormir 8 horas seguidas não garante descanso total para atletas, diz 'técnico do sono'

Adicionada em 25 de setembro de 2017

Para um atleta de alto rendimento, dormir pode não ser tão natural quanto parece. E as famigeradas oito horas de descanso por dia, tempo sempre apontado como o ideal para recuperar as energias, não passam de uma “falácia”. A constatação é do britânico Nick Littlehales, um “técnico do sono” que aconselha atletas de Real Madrid, Manchester United, Manchester City, equipes de ciclismo e seleção inglesa de rúgbi.

O atacante português Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo na atualidade, está entre os que “aprenderam a dormir” com Littlehales. “O esporte pode ser um ambiente estressante e cansativo. Os atletas, muitas vezes, apelam para suplementos e vitaminas quando, na realidade, precisam dormir direito”, disse o britânico, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

A filosofia que Littlehales aplica aos atletas pode ser comparada a uma bateria de celular. No momento em que acorda, o esportista começa a gastar a energia que acumulou enquanto dormia. Durante o dia, no entanto, a “bateria” começa a acabar, tornando necessário um período de 60 a 90 minutos de sono para “recarregá-la”.

Um elemento fundamental para a compreensão da teoria do britânico é a serotonina, neurotransmissor que atua no cérebro e chega às pessoas através da luz solar.

 

 

“É a serotonina que nos faz ter energia, estar ativos e ter apetite. No meio do dia, em relação ao momento em que o sol nasce, você está na metade desse processo e o nível [de serotonina] começa a baixar. É quando, para o cérebro, a necessidade de dormir é grande. Se você descansa, renova-se”, explicou.

Esse sono de 60 a 90 minutos durante o dia faz com que o descanso noturno não carregue sozinho toda a importância do fornecimento de energia para a realização das atividades do cotidiano, além de fazer o atleta acordar mais cedo para desfrutar da luz solar.

Fragmentar o sono não é o único conselho de Littlehales às estrelas do esporte. Segundo ele, dormir em colchões muito confortáveis não é uma boa escolha, assim como deitar de barriga para cima não traz um descanso reparador.

Ele recomenda aos esportistas para que durmam na posição fetal, estratégia que passa a “sensação para o cérebro de conforto porque, teoricamente, está protegendo o coração e os órgãos genitais”, e utilizem colchões mais finos de, no máximo, 10 centímetros de espuma.

Fazer as pessoas se desconectarem de aparelhos eletrônicos à noite é um de seus principais desafios atualmente. Ele sugere que celulares e luzes artificiais sejam desligados uma hora antes de dormir.