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Dicas de todo lado, para desespero de quem corre

Anne Dias
Adicionada em 27 de maio de 2020

Tenho a impressão de que eu dormi uns cinco anos e acordei do nada. Quando abri o olho, fui devorada por uma onda de informações em livros, podcasts, dicas, posts sobre treinos. Que bom. E que saco também. Bom porque dificilmente você fica sem resposta, principalmente para as coisas triviais de um treino.

Há um sem-número de notícias que te ajudam a escolher um tênis, um local para correr, uma prova boa, um creme para o cabelo, o VO2 máximo, seu tempo run, tipos de treinos, o que é o intervalado, o que comer, para que servem as cápsulas de sal, e por aí vai. Você pode tanto dar um Google quanto falar com um amigo que já corre que se ele não arriscar um palpite, certamente vai conhecer alguém ou algum guia que te ajude.

Agora, maaaaaaaano do céu, esse banho de coisas para ler e ouvir também cansa!!! De repente parece que qualquer um que corra tem alguma coisa para te contar. E mesmo os entendidos sabem tanto sobre tudo, que, ó, você fica perdido. E frustrado.

Gente, eu só queria um tênis o.k., um top o.k., uma comidinha o.k., uma pista o.k., um cronômetro o.k., umas músicas o.k., e ir. Mas não. Antes disso eu tenho que saber que leite faz mal, um tênis “carbonara” me ajuda a correr mais e melhor e que passadas curtas hoje em dia são tão boas quanto as longas.

O problema é que não adianta fugir de tudo isso. Esse volume de indicações vai encontrar você, não adianta a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais criar um casco à sua volta. Em resumo: eu estava correndo dormindo, acordei e dei de cara com 5 toneladas de coisas na minha cabeça. E aí, bolei minha estratégia. Eu leio tudo que consigo. Falo com todo mundo sobre treino. Ouço podcasts. Pego dicas de tênis com especialistas no assunto e faço minha triagem.

Peneiro tudo que chega até mim. Sujeito fez maratona de Paris, meu sonho. Mas será que eu quero fazer já, agora, tão logo? Calma. Respira. Fecha o olho. Visualiza azul. Pessoa correu 10 km em 31 minutos e fala sem parar sobre isso, como conseguiu o feito, as consequências para o corpo, o que comeu. Sorrio e aceno. Essa não é minha realidade. Sou uma corredora lenta, ando de salto o dia todo para pagar minhas contas, mãe de um menino adolescente cheio de hormônios e tenho um metro e meio de cabelo. Os treinos são, portanto, uma vírgula no meio-dia. 

Esta foi a decisão que tomei. Não vou enlouquecer, muito menos pirar quem está perto de mim com esse lance de treino. Bicho, quer correr em jejum? Boa sorte. Vai fazer 30 km na esteira? Boa sorte. Quer pagar R$ 1,5 mil num tênis? Boa sorte. Eu? Acho tudo isso bonito, mas como bem antes de correr, odeio esteira e adoro tênis de R$ 400, cada vez mais em extinção no mercado, uma pena.

E você, leitor, leitora, sinto muito. Chegou até aqui para ser inundado por mais uma dica. Mas vai que essa muda sua vida. Ou não. E vira só mais uma entre tantas…

Anne Dias

Anne Dias

Jornalista com especialização em economia e com nove meia maratonas no currículo: duas W21, Meia Maratona das Pontes (Brasília), Disney, Corpore, São Paulo, Uberlândia, Porto Alegre e duas Golden 4 Asics. Concluiu também duas maratonas: Nova York e Buenos Aires. E não pretende parar.

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