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Atleta local é campeão e dá significado político à Maratona do Saara

Adicionada em 28 de fevereiro de 2018

Termômetros marcando 50ºC, ambiente extremamente seco, areia por todos os lados e dunas pelo caminho.  O cenário  não parece muito convidativo para a disputa de uma corrida, mas o atleta saariano Lehsan Mohamed Sidahmed prova que é possível, sim, ter um bom rendimento nessas condições. Primeiro atleta local a vencer a Maratona do Saara, disputada no deserto mais quente do planeta, ele precisou de 2h59min47s para concluir os 42 km de percurso.

O terreno nada firme e as condições climáticas adversas fizeram com que Sidahmed alcançasse a linha de chegada esgotado. Ele superou câimbras a partir do km 33.

“Para mim, o mais difícil foi a partir do km 21, porque você enfrenta algumas montanhas, um terreno que cede com facilidade e muitas dunas, o que te obriga a subir e descer repetidamente. Além disso, há o vento, que incomoda bastante. De todas as formas, isso é um pouco do sofrimento que vive o povo saariano há 42 anos nos acampamentos de refugiados de Tinduf, na Argélia, à espera de poder voltar para nossas terras”, disse.

 

 

Na década de 1970, os espanhóis deixaram a colônia do Saara Ocidental, o que ocasionou um conflito pelo domínio do território. A Frente Polisario (Movimento de Libertação Nacional Saariana), o Marrocos e a Mauritânia lutaram pelas terras.

As mulheres, os idosos e as crianças que habitavam o Saara Ocidental migraram para Tinduf, zona cedida pela Argélia para que as pessoas se assentassem até o fim da guerra. Em Tinduf, surgiu a República Árabe Saariana, região em que cresceu Sidahmed e onde vivem quase 200 mil pessoas atualmente e da onde saiu o campeão da última Maratona do Saara.

“Para mim, ser o primeiro saariano a ganhar em 18 anos da Maratona do Saara é um orgulho. Ainda não acredito que fiz isso. Ainda estou assimilando e aproveitando. Espero que sirva para que se conheça mais a nossa luta”, declarou.

“Aqui nos conhecemos todos e posso servir de exemplo de superação para os jovens que vivem nos assentamentos. Além disso, é um estímulo para que eles pratiquem mais esporte.”