Clima seco X esporte

Adicionada em 28 de agosto de 2014

Nos últimos meses, São Paulo tem sofrido com a falta de chuvas. O clima seco e a baixa umidade do ar imperam sobre o estado, aumentando os sintomas de quem sofre com doenças como asma, enfisema pulmonar e bronquite e causando irritações na garganta, nariz e olhos. As recomendações dobraram, mas e quem pratica esportes nesse clima? Quais são os cuidados a serem tomados? Enquanto a chuva não vem, os esportistas devem ser ainda mais precavidos, uma vez que a frequência e o volume de ar inspirado é maior.

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icon texto_menor DICAS DE HIDRATAÇÃO PARA O INVERNO

 

O clima seca traz três condições desfavoráveis para as vias aéreas dos atletas:

1. Aumento da frequência e volume de ar inspirado;
2. Aumento de poluentes e partículas em suspensão no ar;
3. Ressecamento do muco e prejuízo da limpeza e proteção das vias aéreas.

A defesa das vias aéreas (nariz, seios da face e pulmões) é baseada na remoção das partículas inaladas através do chamado transporte muco-ciliar. Quando inalamos uma partícula que está no ar, ela gruda no muco que reveste toda a via aérea. Esse muco é deslocado para garganta a partir do pulmão, do nariz e dos seios da face, devido ao movimento de pequenos cílios que existem na mucosa, e é deglutido. Quando o ar está seco, perdemos muito mais água para o ambiente durante a respiração e, como consequência, o muco que reveste a via aérea fica mais espesso e difícil de ser deslocado pelo movimento dos pequenos cílios. A limpeza e a proteção não funcionam direito, fazendo com que inalemos o que não deveríamos.

Quando praticamos exercício, nossa necessidade de oxigenação é maior, aumentando a frequência e o volume de ar inspirado. Isso implica que mesmo em condições de clima normal, aumentamos o número de poluentes e partículas inaladas. Além disso, perdemos mais água para o ambiente pela própria respiração, pois o ar tem menos umidade do que existe dentro do pulmão, deixando o muco mais seco. Para evitar o ressecamento, é preciso hidratar-se frequentemente com a ingestão de água. Os especialistas recomendam de 300 a 500 ml de água, cerca de 30 minutos antes da atividade; e de 200 a 250 ml, a cada 20 minutos de exercício.

Nos dias secos, a poluição aumenta e temos mais partículas em suspensão no ar, por isso também é preciso praticar atividades físicas em horários específicos, evitando os períodos de baixa umidade. A umidade relativa do ar está relacionada à temperatura ambiente. Nos períodos em que a temperatura é mais elevada, a umidade é mais baixa. Assim, os melhores períodos para praticar exercício são das 6h às 10h da manhã e após as 18h.

O desgaste é maior, então não hesite em diminuir o ritmo ou até parar, por causa de um possível mal estar. Se tiver como, tente realizar os exercícios em lugares fechados e aclimatizados.

(Fonte: Dr. Luiz Ubirajara Sennes , médico e professor de Otorrinolaringologia da USP)