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Cego corre Maratona de NY quase sem ajuda, mas equipamento falha

Adicionada em 07 de novembro de 2017

Simon Wheatcroft sabia que quando a largada da Maratona de Nova York fosse dada, o maior desafio de sua vida começaria. Cego, ele estava utilizando um equipamento revolucionário de navegação que, por meio de vibrações, permitiria uma corrida inteira com pouquíssima ajuda externa. Wheatcroft conseguiu terminar a prova em 5h17m40s, mas sua WayBand, nunca antes testada em provas oficiais, apresentou diversos problemas durante o trajeto.

Algumas dificuldades já eram esperadas: os grandes prédios poderiam interferir no sinal de GPS; pessoas parando de repente; e locais mais apertados eram os principais medos do atleta e dos desenvolvedores do navegador. Como qualquer protótipo, alguns mau-funcionamentos não estavam no roteiro. Sinalizações erradas do aparelho, problemas com a bússola e com o vento estiveram entre as barreiras superadas por Wheatcroft.

Para lidar com o estresse, ele fez o que é recomendado por muitos maratonistas: diminuir a velocidade. Em alguns momentos, ele chegou a reduzir de 10 minutos por milha para 13; em outros, a caminhada era a melhor solução para que o GPS “se encontrasse”. Mesmo com três acompanhantes durante todos os 42 quilômetros, Wheatcroft não conseguiu evitar três colisões com outros corredores.

Seu cansaço, além de físico, tornou-se psicológico. As vibrações da WayBand por vezes não eram suficientes para o cego, e ele tinha de confiar em seu tato e olfato para compreender o caminho à sua frente. Nos últimos 16 quilômetros, depois de uma falha geral no aparelho por conta da chuva, ele teve de recorrer à sua tática tradicional, com os acompanhantes gritando a cada parada de hidratação, curva e buraco na via.

Apesar de terminar a prova se sentindo péssimo, como disse ao New York Times, Wheatcroft pareceu otimista com relação ao futuro do seu equipamento: “Hoje foi totalmente sobre levar a tecnologia ao seu limite. Descobrimos esse limite antes do que gostaríamos durante a corrida, mas aprendemos lições com isso. Podemos melhorar. Não é o fim, é apenas um começo”.